RESENHA - A GALERIA WILSON - SORTEIO

A GALERIA WILSON de Maicon Tenfen

Resumo:  Faz seis meses que a esposa do empresário Marco Antônio Florestan desapareceu. O que houve com ela? Perdeu a  memória e por isso não consegue voltar para casa? Caiu nas garras de sequestradores? Foi assassinada? Ou seria apenas um caso de decepção matrimonial, a fuga pura e simples de uma mulher infeliz? Mais do que localizá-la, Marco Antônio sabe que no fundo deseja puni-la para aplacar o seu ódio de marido abandonado.

Quando perde as esperanças de encontrar a mulher com vida, é procurado pelo ambíguo Haroldo Machado, detetive particular que garante estar na pista da “fugitiva”. A partir de então, Marco Antônio resolve iniciar uma investigação por conta própria, colocando-se no lugar da esposa e, para isso, lendo o livro que ela deixou cair (de propósito?) no momento da fuga. Seria a proposta de um diálogo em código, o diálogo que jamais partilharam durante o casamento?

Embora considerasse as leituras da esposa “fúteis e sem futuro”, Marco Antônio não imagina o que o espera dentro e fora do livro que começa a ler. O que parece ser a busca do outro, de repente, se transforma na busca de si mesmo. E, aos poucos, o que parece ser a história de um casamento fracassado se torna uma jornada rumo ao imprevisível, repleta de surpresas, trevas e incerteza.

Como acontece com Marco Antônio, o leitor também será convidado a descer as escadas da Galeria Wilson. Só quem tiver coragem de caminhar pelo subsolo será capaz de desvendar os enigmas do romance.

RESENHA: 

“Se o senhor pudesse trocar de identidade, quem gostaria de ser?”

Foi o que uma repórter, repentinamente, perguntou no meio da rua para Marco Antônio Florestan, dono da empresa Florestan S. A.

A partir daí, a mente dele começa a refletir sobre quem realmente ele era. Será aquilo que estava na carteira de identidade? Ou o que aparentava ser? Quem era ele realmente?

A Galeria Wilson, é aquele livro que te deixa na dúvida do começo ao fim, e acredite, as dúvidas não param por aí.

A mulher de Marco Antônio sumiu, uma mulher mais jovem e que adorava ler aqueles livros de romances açucarados, e que ele, não suportava.

O começo do relacionamento dos dois foi ótimo. Mas, logo depois, tudo começou a cair na costumeira rotina, e Solange, sua mulher, se prendia cada vez mais nos seus romances cheios de complicações amorosas.

Depois de uma briga feia, ela se trancou mais ainda em seu pequeno quarto repleto de livros.

Eles chegaram a voltar a se falar, mas, de repente, ela some. Marco Antônio procurou e procurou, mas nada. Até conhecer Haroldo Machado, um detetive que garante ter visto Solange.

Até aí tudo bem. A história me prendeu mais no momento em que Marco Antônio entra no quarto e vê que todos os volumes de livros que a mulher deixara depois da fuga, sumiram. Exceto um. Certamente Solange havia voltado para pegá-los.

No livro deixado, possivelmente de propósito havia uma frase rabiscada:

“Vou agora tirar a máscara”.

O personagem suspeita que a resposta do desaparecimento da mulher está naquele livro e que ele o levará até a resposta. E para o leitor, a mais perguntas.

O livro que Marco Antônio achou parece incompleto, e o autor faz com que entremos em duas histórias, sendo a última completamente diferente e instigante.  Susan Smith, a autora desse livro “esquecido” pela esposa de Marco Antônio, parece ter escrito algo surpreendentemente estranho nas entrelinhas.

“Se é verdade  que procuramos banir nossas piores experiências para os porões da memória, não é menos verdade que essas experiências permanecerão como um  entulho irremovível. Embora tenha vivido períodos de tranqüilidade desde aquela noite, sempre tive certeza de que havia um monte de lixo ocupando espaço lá embaixo. Os dezessete perfumes que usei de lá para cá não serviram apenas como autopunição consciente. Serviram também para combater o mau cheiro que às vezes sobe as escadas e toma conta da casa.” p. 55

A personagem do livro de Susan resolveu sair das amarras do passado e começou a usar um sobretudo preto e uma máscara.

A partir daí, começam a aparecer sequências estranhas, que me deixavam cada vez mais preocupada em chegar ao final para descobrir o que toda aquela história escondia.

Um acidente, um lagarto, um telefonema com a voz de uma mulher, coisas confusas e estranhas, até que em determinado momento, Marco Antônio estaria no corpo de Susan Smith? Como? Havia outro Marco Antônio? Estava de volta ao passado? Em vez de buscar respostas fora, as respostas estavam dentro de si mesmo?

Tudo isso fez, não só Marco Antônio, mas quem lê, descer as escadas da antiga e abandonada Galeria Wilson. Será que lá estaria as respostas para essas perguntas?

O final me deixou completamente intrigada, cheio de mistérios e indagações, e coisas que o leitor nem imagina que aconteceria, concluindo a misteriosa frase “vou agora tirar a máscara”.

Um romance repleto de incertezas e coincidências. Um livro diferente e marcante. EU INDICO!                                                                                                         

Cleide  B. T. Pisetta ©

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